Antes que eu vá
Lauren Oliver
Editora: Intrinseca
ISBN: 978-85-8057-059-5
Número de páginas: 358
Onde Comprar: Cultura | Submarino | Book depository
A temática de Antes que eu vá da autora americana Lauren Oliver, recém
lançado pela Editora Intrínseca, sempre me chamou atenção. Vocês sabem que eu
adoro um bom drama jovem adulto, e desde o seu lançamento lá fora venho
esperando -e criando coragem para falar a verdade- para lê-lo. Principalmente
por se tratar de algo intrinsecamente ligado a uma coisa bem pesada, pelo qual
já passei e sei que muitos já passaram ou passam: o bullying.
Bullying, morte e os dramas da
vida dos adolescentes sãos os temas
abordados em Before I
fall. Sam é uma garota popular com tudo que esse título acarreta. Suas inconsequências,
preconceitos, mania de superioridade e atitudes tão levianas quanto cruéis. Sam
não é deliberadamente uma má pessoa, mas também não é boa. É alguém como eu e
você, alguém capaz de fazer comentários maldosos sem sequer pensar nas consequências.
Ao morrer num acidente de carro na volta de uma festa com as amigas, Sam
entra em um loop do tempo em que revive seu ultimo dia sete vezes. Por sete
vezes ela é capaz de modificar suas ações, e como num efeito borboleta,
modificar a vida daqueles que a cercam, mesmo que não seja capaz de mudar seu próprio
trágico destino - por mais que tente.
O que ela deveria mudar? A relação superficial com sua irmã e seus pais.
Deveria tentar salvar a garota motivo de chacota dela e de suas amigas sem
motivo por tantos anos? Deveria perceber o que há de belo e adorável em Kent,
um garoto "alternativo" (essa é pra você Denise que precisa aprender
a apreciar esse tipo fofíssimo de garotos)
que era seu amigo na infância e que é muito mais interessante que seu
namorado atual e popular, Rob?
Muito mais do que fazer a coisa certa, Sam entra numa jornada de
amadurecimento, de auto reflexão e redescobrimento. Em que o certo e o errado
são altamente mutáveis e capazes de modificar coisas de uma forma as vezes catastrófica,
como o bater de asas de uma borboleta capaz de gerar um furacão no outro lado
do mundo.
Quem me acompanha no twitter sabe que, durante a ultima semana, senti
vontade de chegar atrasada ao trabalho diariamente, tudo isso pela incapacidade
de conseguir fechar Antes que eu vá. A cada vez que eu fechava o livro eu
pensava: como é injusto ter que parar nessa parte tão foda! E quando uma
leitora me comentou que todas as partes eram assim fui obrigada a concordar. Lauren
Oliver criou uma narrativa ao mesmo tempo densa e dramática, mas repleta de uma
esperança cativante de uma vida - ou morte, até mesmo quando Sam já havia se
conformado com seu destino.
Isso que nem cheguei a comentar
sobre o bullying ainda. Julie Skies é aquela garota ou garoto que você conhece
- ou se reconhece. Oprimido, excluído da hierarquia escolar sem ou com ínfimos
motivos. Eu não tenho vergonha de contar que sofri bullying em diversos períodos
da minha vida escolar, nada tão intenso como aconteceu com Julie of corse, mas
tão cruel, avassalador e debilitante quanto. Não vale a pena relatar esses
momentos cruéis, mas no decorrer do livro foi impossível não revive-los tão
intensamente de uma forma que não revivia há anos. Vi-me na timidez daquela Julie estudiosa
escondida atrás dos cabelos, daquela Julie incapaz de lutar e de impor por anos
de verdadeiros maus tratos - porque essa é a definição fatídica do bullying: maus
tratos. Mas diferente de Julie, que naquele momento de extremo desespero não
conseguia ter esperança de um futuro, superei e dei a volta por cima, porque o
que não te mata te deixa mais forte, sabe? E nada é mais libertador do que o
momento que você realmente percebe que a opinião que os outros tem de você não
te define e que você não precisa –e não deve- viver para agradar 100% das
pessoas ao seu redor, porque isso simplesmente não acontece, não existe.
Antes que eu vá é o tipo de livro que te deixa com um nó na garganta,
que te faz ao mesmo tempo refletir sobre sua vida e sobre o impacto que suas ações,
por mais rotineiras e fúteis que sejam, são capazes de afetar a vida do próximo,
tanto para o bem quanto para o mal. Não foi
uma vez que derramei lagrimas durante a leitura, na verdade quase cheguei
soluçando ao trabalho ontem pela manha quando me faltavam apenas 10 páginas
para terminá-lo. Também não foi uma vez que me vi refletindo sobre a minha
vida, ou sobre o que eu faria no lugar de Sam.
Foi uma leitura tão impactante, provavelmente a mais impactante do ano para mim, que mal consigo formular uma resenha coerente sobre o que achei do livro, mas vocês sabem... Acredito fielmente que bons livros são aqueles que te fazem sentir alguma coisa: identificação, vontade de sonhar, raiva, amor, esperança ou que te faça refletir sobre um pouco de tudo isso. E neste ponto Lauren Oliver me acertou em cheio, fazia tempo que não me sentia tão consumida e imersa numa leitura como me senti nesta.
Não tenho como não indicar Antes que eu vá, mas que o livro deveria vir com um aviso em letras garrafais de “não leia sem a presença de uma caixa de lenços”, deveria!
Foi uma leitura tão impactante, provavelmente a mais impactante do ano para mim, que mal consigo formular uma resenha coerente sobre o que achei do livro, mas vocês sabem... Acredito fielmente que bons livros são aqueles que te fazem sentir alguma coisa: identificação, vontade de sonhar, raiva, amor, esperança ou que te faça refletir sobre um pouco de tudo isso. E neste ponto Lauren Oliver me acertou em cheio, fazia tempo que não me sentia tão consumida e imersa numa leitura como me senti nesta.
Não tenho como não indicar Antes que eu vá, mas que o livro deveria vir com um aviso em letras garrafais de “não leia sem a presença de uma caixa de lenços”, deveria!